The sun and the lune...

The sun and the lune...

terça-feira, 1 de abril de 2008

Quero...


Quero...
Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos me digas:
Eu te amo.
Ouvindo-te dizer:
Eu te amo, creio, no momento,
que sou amado.
No momento anterior e no seguinte,
como sabê-lo?
Quero que me repitas até a exaustão
que me amas
que me amas
que me amas.
Do contrário evapora-se a amação
pois ao dizer: Eu te amo,
dementes apagas teu amor por mim.
Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto, isto sempre,
isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira
a não ser esta de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra e na sua emissão,
amor saltando da língua nacional,
amor feito som vibração espacial.
No momento em que não me dizes:
Eu te amo, inexoravelmente sei que deixaste de ama-me,
que nunca me amaste antes.
Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor.

1 comentário:

Anónimo disse...

Sim de facto é muito bom, quando alguém diz que nos ama, nos deseja a toda a hora...Grande Carlos Drummond de Andrade!
Mas não te esqueças que também muito importante é seres tu a dizê-lo a ti própria pelo menos uma vez por dia!

BJS