The sun and the lune...

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quinta-feira, 3 de abril de 2008

Não te Amo!

Não te Amo!

Não te amo, quero-te:

o amor vem d' alma.
E eu n' alma – tenho a calma,
A calma – do jazigo.
Ai! Não te amo, não.

Não te amo, quero-te:
o amor é vida.
E a vida – nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai! Não te amo, não!

Ai! Não te amo, não;
e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela;
e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo,
que é forçado,
De mau, feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! Não te amo, não.

E infame sou, porque te quero;
e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... Não te amo, não.


Almeida Garret

2 comentários:

Anónimo disse...

Como digo, acerca deste poema...É de uma sinceridade e intensidade brutal!

claudia disse...

Desde que mo mostra-te, é simplesmente o meu poema preferido, como tu dizes é brutal, intenso.